quinta-feira, 29 de março de 2018

Gravação de Maria Callas em Lisboa há 60 anos tem nova edição


A discográfica francesa Warner vai lançar a nova edição do CD de Maria Callas que incluirá a ópera "La Traviata" feita em Lisboa.
A presença de Maria Callas, há 60 anos, em Lisboa, para protagonizar a ópera "La Traviata", de Verdi, no Teatro Nacional de S. Carlos (TNSC), é celebrada com uma nova edição internacional em CD, da gravação dessa atuação.
Maria Callas subiu ao palco do S. Carlos, no papel de Violetta Valéry, no dia 27 de março de 1958, acompanhada por um elenco que incluiu Alfredo Kraus, Mario Seremi, Laura Zanini, Piero de Palma, Vito Susca, Alessandro Maddalena, e os portugueses Maria Cristina de Castro, no papel de "Annina", Álvaro Malta, como "barão Douphoi", e Manuel Leitão, como "mensageiro". A direção musical da ópera foi do maestro Franco Ghione (1886--1964), que esteve à frente do coro e da Orquestra Sinfónica do TNSC.
"La Traviata" foi das óperas que Callas mais interpretou. Só no período de 1951 a 1958, protagonizou-a mais de 60 vezes, em teatros de Roma, Florença, Parma, em Itália, São Paulo e Rio de Janeiro, no Brasil, Chicago, Nova Iorque e Dallas, nos Estados Unidos, ou na Cidade do México. A encenação que o cineasta Luchino Visconti fez desta ópera, para a temporada de 1955/56 do Alla Scala, de Milão, dirigida por Carlo Maria Giullini, é apontada como uma das suas mais notáveis interpretações de Violetta Valéry.
Todavia, quando a protagonizou em Lisboa, a soprano nova-iorquina de origem grega sentir-se-ia muito próxima da personagem. O crítico musical John Steane escreveu que, no último ato, Callas atingiu "o culminar da grande arte de uma cantora operática".
A discográfica Warner, que chancela a nova edição do CD, afirma, em comunicado, que "a denominada 'Traviata de Lisboa' insinua os problemas privados que Callas começava a enfrentar, e que acompanharam a sua carreira até a um final prematuro".
Segundo a Warner, "o que torna esta gravação especial é a forma como ela encarna esses problemas no seu desempenho, irradiando vulnerabilidade e fragilidade". "A cena de abertura do terceiro ato, na qual ela lê da carta de Giorgio Germont [o pai do seu amante] e canta 'Addio, del passato', é um dos momentos mais emocionantes da ópera em CD".
A discográfica refere que a atual edição apresenta uma gravação de "mistura de som adequada" a uma gravação feita ao vivo, a partir da fita magnética, "proporcionando um som mais natural e um ganho percetível na sua fidelidade a esta produção lendária".
A nova edição inclui um 'booklet' com textos de Michel Parouty, autor, entre outros livros, de "Mozart Amado dos Deuses" (1991).
Maria Callas (1923-1977) gravou esta ópera em estúdio apenas uma vez, em 1953. Gravou-a igualmente no Teatro Alla Scala de Milão, em 1955, com o maestro Carlo Maria Giulini.
A atuação da soprano em Lisboa conheceu já várias edições, em vinil e CD, pela EMI, pela Myto e pela Warner. Em 2000, a Antena 2, detentora das fitas originais, fez uma edição particular, na qual incluiu intervenções que antecederam a transmissão radiofónica da ópera.
Em setembro do ano passado, a Warner Classics colocou igualmente esta versão na integral das gravações de Maria Callas ao vivo, feitas durante os anos de atuações em palco, reunidas num só volume, depois de recuperadas e sujeitas a nova mistura.
Esta caixa sucedeu à integral das gravações de estúdio, reuniu 20 óperas completas, em 42 CD e três 'blu-ray'. Apenas doze dessas óperas foram gravadas ao vivo pela soprano, entre as quais "Parsifal", de Wagner, "Andrea Chénier", de Giordano, "Anna Bolena", de Donizetti, "La vestale", de Spontini, e "Armida", de Rossini.
A ópera "La Traviata", com o tenor Alfredo Kraus, os baixos Álvaro Malta e Manuel Leitão e a soprano Maria Cristina de Castro, no TNSC, foi uma gravação do antigo Programa B/Lisboa 2 da ex-Emissora Nacional, atual RDP-Antena 2, que fez a transmissão da récita.

(Diário de Notícias, 9 fev. 2018)


terça-feira, 27 de março de 2018

Leituras - 84


Cá em casa somos grandes fãs da coleção Vampiro, como tal continuamos a comprá-la, mesmo livros já saídos, como este de Dorothy L. Sayers que tinha sido publicado em 1956. E estou a relê-lo.


"Riddlesdale Lodge, na pacatez de uma pequena aldeia britânica, aparentava ser o local perfeito para Gerald Wimsey, duque de Denver, reunir os amigos num retiro de caça. Mas cedo a pacatez se quebrou e a caça se revelou humana: Denis Cathcart, em vias de se tornar cunhado de Wimsey, terá sido baleado, arrastado até à estufa anexa à habitação e abandonado sobre saibro e lama vestindo ainda o fato que usara ao jantar. Às três da manhã, Gerard Wimsey é encontrado junto ao corpo sem vida e, pouco depois, acusado do crime. Lord Peter Wimsey, detetive amador e irmão do duque de Denver, não tarda a chegar a Riddlesdale decidido a tudo fazer para o tirar da prisão. Nesta que foi uma das primeiras histórias escritas por Dorothy L. Sayers, em 1926, e que a confirmaria como uma das mais importantes autoras do policial do século XX, muitos são os que têm algo a esconder e talvez nem todos os segredos estejam relacionados com a morte de Cathcart. Poderá um pequeno objeto encontrado a brilhar entre folhas caídas ser a chave deste mistério?"

sábado, 24 de março de 2018

Cinco cafés históricos literários de Paris - 1

Foto Jean-Jacques CECCARINI/Le Figaro

Le Procope, fundado por um italiano de Palermo, Francesco Procopio dei Coltelli,  abriu portas em 1686. Foi o primeiro local de Paris onde se podi beber um café sentado e ler o jornal tranquilamente: La Gazette ou Le Mercure Galant. La Fontaine, Racine, Regnard sentavam-se neste café à luz de velas. Com as Luzes, foi a vez de Diderot, d'Alembert, Beaumarchais e Voltaire. Este tina aqui o seu escritório: uma mesa de mármore que aqui se encontra no 1.º andar.
Hoje Amélie Nothomb, Marc Dugain, Éric-Emmanuel Schmitt ou Bernard Werber substituíram Balzac, Nerval, Hugo, George Sand, Musset e Verlaine.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Os livros


É então isto um livro,
este, como dizer?, murmúrio,
este rosto virado para dentro de
alguma coisa escura que ainda não existe
que, se uma mão subitamente
inocente a toca,
se abre desamparadamente
como uma boca
falando com a nossa voz?
É isto um livro,
esta espécie de coração (o nosso coração)
dizendo "eu" entre nós e nós?

Manuel António Pina

sexta-feira, 16 de março de 2018

Leituras - 83


A Sintrense leu este livro de Eric-Emmanuel Schmitt. Aliás ela devora os livros deste autor.

"1942. Auge da Segunda Guerra Mundial. As rusgas começam. O pequeno Joseph, de sete anos, judeu, é afastado dos pais para conseguir sobreviver. Aprende a ocultar o seu nome, a sua história, os seus sentimentos. Escondido num orfanato católico, vai crescer acompanhado por um sacerdote, o padre Pons, um homem simples que se empenhará em manter viva a cultura judaica e em transmiti-la às crianças. Num universo à primeira vista cristão, o padre Pons instalou uma sinagoga secreta. Tal como Noé, o padre decidiu salvar a humanidade. Apesar daquilo que é. Uma vez restabelecida a paz, o que irá ser destas crianças com esta dupla identidade?" (Sinopse)

Quando acabar a minha empreitada Romanov vou ler O filho de Noé que é um livro pequeno.

quinta-feira, 8 de março de 2018

As Ilhas do Ouro Branco


"A introdução do cultivo da cana-de-açúcar no arquipélago da Madeira, nos finais da primeira metade do século XV, e o desenvolvimento dessa produção em larga escala permitiram a exportação de açúcar para os portos da Flandres, primeiro através de Lisboa, depois diretamente. Aumentou, assim, por toda a Europa, o consumo do «ouro branco», alterando hábitos alimentares e algumas práticas medicinais. Em paralelo, cresceu a importação para o arquipélago de bens destinados a satisfazer as devoções e a definir o estatuto social dos novos grupos populacionais constituídos à sombra dos canaviais e da economia açucareira.
Ao longo de uma narrativa que parte do espanto dos primeiros navegadores perante o novo território e prossegue com a evocação do esforço do povoamento e da implantação de estruturas económicas e administrativas no arquipélago, esta exposição dá a conhecer as elites comitentes locais através das suas encomendas – obras de pintura, escultura ou ourivesaria – provenientes da Flandres, do continente e até do Oriente. Numa última sala, expõem-se as mais destacadas obras-primas encomendadas, sintetizando, com particular brilho, a riqueza do património madeirense dos séculos XV e XVI, resultante do esplendor cultural proporcionado pelo ciclo económico do «ouro branco». Marcando o arranque das Comemorações dos 600 Anos do Descobrimento da Madeira e Porto Santo, esta embaixada cultural do arquipélago em Lisboa é constituída por 86 obras de arte." (Retirado do site do MNAA.)
Fomos ver e gostámos. Está no Museu Nacional de Arte Antiga.

sexta-feira, 2 de março de 2018