domingo, 28 de junho de 2020

Festejar o São Pedro

Hoje é o dia da nossa sardinhada com a família alargada, mas este ano será muito pouco alargada. Só com mais uma família de quatro amigos, que já vieram trazer o vinho para acompanhar o peixe:


Este tinto da Herdade da Rocha é um vinho produzido com as castas Alicante Bouschet, touriga franca, touriga nacional e syrah.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Leituras - 120

Com 23 anos e o objetivo de escrever um livro, Siri Hustvedt troca o interior rural dos Estados Unidos por um esquálido apartamento na exuberante Nova Iorque dos anos 70. Todos os dias, para combater a solidão e a fome, a rapariga parte à descoberta da cidade, que na época é suja e perigosa e repleta de aventuras. Tem como única companhia os heróis literários da sua adolescência – Dom Quixote e Tristram Shandy – e a voz de uma vizinha, Lucy Brite, que todas as noites lhe chega através da parede da sala, entoando um triste cântico e monólogos bizarros, que Siri Hustvedt aponta num diário. A misteriosa Lucy rapidamente se torna uma obsessão.
Quarenta anos depois, a reputada escritora encontra o seu velho diário e o rascunho de um romance inacabado. Justapondo os diversos textos, ela cria um diálogo entre os seus diferentes «eus» ao longo das décadas, num jogo que transforma a narradora – e o leitor – numa espécie de Sherlock Holmes (S.H.) em busca da verdade possível entre a memória e a imaginação.


Este livro foi a última compra que fiz e veio com uma oferta, Elegia para um americano, que vou ler de seguida e que está ser lido pela Sintrense.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

sábado, 13 de junho de 2020

Liberdade


Aí que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doura
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa.

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças…
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca…

Fernando Pessoa
16-03-1935

terça-feira, 9 de junho de 2020

Chove


Chove...

Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?

Chove...

Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.

José Gomes

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Orlando Innamorato



O meu primeiro amor
Chamava-se Maria
Leonor;
O segundo, Sophia
Eulália Pimentel;
O terceiro, que lembro com fervor,
Chamava-se Rachel…
Era um anjo exilado, uma pomba sem fel!
De todas foi a mais amada …
Quando a perdi (levou-a a Morte), oh dor immensa!
Ficou-me a alma encarcerada
Dentro da praça d’Olivença,
Onde Ella tinha o berço e a virginal morada!
Das outras, a primeira, a Maria Leonor
(esta lembrança é um horror!)
Trahiu-me com um primo, um primo d’ella e meu,
Estoira-vergas desvairado,
Só por tocar guitarra e por cantar o fado
Melhor do que eu.
A segunda, Sophia Eulália Pimentel,
Donzella gothica e feudal,
Foi apenas a visão, sonho de Menestrel
Em velha Côrte medieval…
Muitas outras depois, muitas outras mulheres,
Doido romantico, adorei;
Ah! quantas ilusões e quantos malmequeres
Por todas ellas desfolhei!
Mas nenhuma deixou recordação tão doce
Como a linda Rachel…
Ah! se ella viva fôsse,
Quanta impura triaga, quanto fel
Eu teria evitado
Como homem casado!
Mas … lá diz o ditado:
Casamento e mortalha
No céu se talha,
Embora ás vezes o casamento
Seja um tormento,
Que mais parece fogo do Inferno
Que bico de obra das mãos do Eterno…
Foi por essa razão
Que simultaneamente e sucessivamente,
Com o meu coração
Atormentado e doente,
Me consagrei a amar
As mais diversas criaturas,
Mas já sem intenção de me casar:
Alem do mais, por serem duras
As minhas circunstâncias actuaes,
E bicudos os tempos para taes
Cavallarias.
Jamais, depois, tomei mulher senão a dias!
É um deleite a variedade…
Para o provar, meu tio abbade,
Com eloquencia e grande erudição, citava
A resposta que Luis XIV sempre dava
Ao confessor,
Quando este lhe exprobava inconstancias d’amor:
Nem sempre gallinha,
Nem sempre rainha…
Imagina, por isso,
Oh Thomásia! Oh sereia!
Já não digo a paixão, mas o immenso derriço,
Que a ti me prende e enleia,
Vendo que já lá vão três semanas e meia
Desde que estás ao meu serviço!

António Feijó