sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A Raça do Alentejano


Como é um alentejano? É, assim, a modos que atravessado. Nem é bem branco, nem preto, nem castanho, nem amarelo, nem vermelho.... E também não é bem judeu, nem bem cigano.
Como é que hei-de explicar?
É uma mistura disto tudo com uma pinga de azeite e uma côdea de pão: - dos amarelos, herdámos a filosofia oriental, a paciência de chinês e aquela paz interior do tipo "não há nada que me chateie"; - dos pretos, o gosto pela savana, por não fazer nada e pelos prazeres da vida; - dos judeus, o humor cáustico e refinado e as anedotas curtas e autobiográficas; - dos árabes, a pele curtida pelo sol do deserto e esse jeito especial de nos escarrancharmos nos camelos; - dos ciganos, a esperteza de enganar os outros, convencendo-os de que são eles que nos estão a enganar a nós; - dos brancos, o olhar intelectual de carneiro mal morto; - dos vermelhos, essa grande maluqueira de sermos todos iguais.
O alentejano, como se vê, mais do que uma raça pura, é uma raça apurada. Ou melhor, uma caldeirada feita com os melhores ingredientes de cada uma das raças. Não é fácil fazer um alentejano. Por isso, há tão poucos. É certo que os judeus são o povo eleito de Deus. Mas os alentejanos têm uma enorme vantagem sobre os judeus: nunca foram eleitos por ninguém, o que é o melhor certificado da sua qualidade. Conhecem, por acaso, alguém que preste que já tenha sido eleito para alguma coisa?

E já imaginaram o que seria o mundo governado por um alentejano? Era um descanso!

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