domingo, 5 de julho de 2015

Jacques Delors assina com António Vitorino e Pascal Lamy um apelo à Europa

Artigo assinado pelas três personalidades no Le Monde apela à Europa que ajude a Grécia, não com os microscópios do FMI, mas com os binóculos da ONU.
Honrar a cooperação e solidariedade na Europa é um apelo lançado por Jacques Delors, um dos fundadores da União Europeia, Pascal Lamy, presidente honorário, e António Vitorino, presidente do Instituto Jacques Delors, num artigo assinado pelos três e publicado neste sábado pelo jornal Le Monde.
Defendendo que este não é só um problema nacional, o texto salienta as tensões e desafios elevadas a um nível crítico "depois da chegada ao poder do Syriza e à aproximação do referendo de 5 de Julho". Os "jogos e posicionamentos tácticos" são "compreensíveis" numa lógica simplesmente dos actores, mas é necessário avançar para estar à altura das circunstâncias, o que vale para a Europa e para a Grécia em particular, indica o texto assinado a três.
"Coloquem os bons óculos para fazer o diagnóstico correcto", instam, lembrando que a Grécia está numa "situação dramática". E esta piorará, caso se deixe o país chegar ao default da dívida e sair do euro.
Os gregos deverão mostrar "vontade clara" de quebrar com a Grécia dos 40 anos anteriores, e "resistir à tentação de imputar o essencial dos problemas de Atenas a causas exteriores". Ao Governo, o trio signatário do texto publicado pelo Le Monde lembra que a sua legitimidade democrática não se pode sobrepor à dos restantes países da União.
A Grécia é parte da história e da geografia da Europa, pelo que uma saída do país não será só um problema nacional, afirmam, defendendo que, do lado da Europa, não se olhe só da perspectiva económica e financeira, mas também geopolítica. Assim, não se deverá olhar com os "microscópios" do FMI, mas sim com os "binóculos" da ONU, face à posição da Grécia nos Balcãs, "nestes tempos de guerra na Ucrânia e Síria e do desafio terrorista - para não mencionar a crise de migração".
A crise de liquidez grega é resultado de crise de solvência, sintoma de outros problemas - necessidade de reconstruir o Estado com "reformas administrativas, judiciais, educacionais, fiscais, etc" -, lembram Delors, Lamy e Vitorino, que instam a UE a fazer a sua parte nesta reconstrução, propondo um plano de "ajuda financeira razoável que permita à Grécia restaurar a sua solvabilidade a curto prazo".
Alexandre Frade Batista
(Jornal Económico)

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