quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Escândalo VW: Berlim recomenda Honestidade aos Portugueses e esconde a Intrujice da Volkswagen

Como a VW vigarizou os testes ecologistas

Há uns anos, o Doutor Francisco Louçã descrevia o capitalismo como um bando de hipócritas capazes de tudo para ganharem mais uns milhões. Parecia uma caricatura mas mas o escândalo da fixação das taxas do Libor e agora a intrujice da Volkswagen para conseguir vender veículos poluentes a gasóleo mostram que essa caricatura era na verdade uma imagem pálida da verdade.
A fraude da Volkswagen foi descoberta pelos Estados Unidos. Qual foi a reação da querida União Europeia (UE)? A querida UE recusa averiguar pois, se averiguar, a VW será obrigada a indemnizar os consumidores europeus, o que a comissão bruxelina pretende evitar – a bem dos europeus, claro. O presidente executivo da Volkswagen considerou que não valia a pena demitir-se, por tem dúvidas sobre a sua culpabilidade: com efeito, Martin Winterkorn declarou «não estar cônscio de nenhuma culpa da sua parte». Esperemos uns dias e talvez e talvez fique cônscio. Ou esperará ser salvo pela cultura de desleixo e de ocultação criminosa revelada no caso do «suicídio» do Boeing da Luftanhansa? Com efeito, no caso VW o governo alemão estava ao corrente que havia uma fraude mas desdobrou os seus melhores esforços para não saber nada – e já desmentiu que soubesse, o que mostra o triunfo dos seus esforços para não saber da intrujice. O governo alemão que encobre a vigarice de VW é o mesmo que nos recomenda a nós portugueses para sermos sérios, trabalharmos as muito e pagarmos pontualmente as nossas dívidas à Alemanha.
O mal causado aos países da UE pela VW é de momento incomensurável. Mas é seguramente muito grande: a Alemanha prega a salvação verde e a sua maior empresa automóvel está unida para vigarizar as leis que promove. A economia mundial tomará nota.
A que se deve isto? O Economista Português salienta três razões:
■A consciência moral e a identidade desapareceram na União europeia: Deus é o dinheiro.
■As empresas europeias sabem que os processos de fiscalização europeus são uma fantochada: tal como chamado BdP no caso BES, as agências europeias não descobriram a fraude VW (porque não queria descobrir, claro); a UE é incapaz de se autorregenerar;
■O capitalismo de grandes empresas oligopolistas com um Estado de pensamento único dá uma economia brejneviana, de capitalismo de Estado, na qual a concorrência não tem força para limpar a corrupção. 

Ver mais: http://www.theguardian.com/business/ng-interactive/2015/sep/23/volkswagen-emissions-scandal-explained-diesel-cars

Luís Salgado Matos
24 set. 2015 https://oeconomistaport.wordpress.com/

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