terça-feira, 29 de março de 2016

Álbum Wallington


A Associação dos Amigos de Monserrate adquiriu um álbum de desenhos ingleses do século XIX, no qual constam, entre outras, duas raras imagens do primeiro Palácio de Monserrate, destruído na segunda metade daquele século para dar lugar ao edifício que se encontra actualmente no centro dos jardins do mesmo nome, em Sintra.
A compra do Álbum Wallington, do nome da sua proprietária e aparente criadora das aguarelas e desenhos que nele constam, foi decidida pela direcção da AAM ao verificar-se que nenhum dos organismos nacionais ou locais com responsabilidades na área do Património o tinham adquirido, correndo-se assim o risco da desaparição de um importante testemunho da Sintra oitocentista, bem como da vida da comunidade inglesa então residente em Portugal.
O Álbum Wallington é composto por 29 aguarelas, 6 desenhos, 1 litografia e um mapa manuscrito, nele constando muitas outras imagens de Sintra, nomeadamente do Castelo da Pena e do seu Parque, do Castelo dos Mouros, etc, bem como da residência da família em Portugal, e ainda da sua propriedade inglesa de Woodloes, perto de Warwick.
O álbum encerra ainda um drama familiar, atendendo a que foi oferecida pela autora, E. Wallington, ao seu filho George, para que este o levasse na sua viagem ao Oriente como recordação 'dos lugares e dias felizes que tinham vivido juntos’, como aquela refere na nota manuscrita de abertura. George, que deixou o álbum com a mãe para o resguardar dos efeitos da longa viagem marítima que ia fazer, viria a morrer num naufrágio no Mar da China.
O primeiro Palácio de Monserrate foi construído pelo rico negociante de Lisboa Gerard Devisme, tendo sido a residência em Sintra de William Beckford, o criador de “Vatek” e um dos mais influentes coleccionadores de arte britânicos de todos os tempos. Os dois desenhos do álbum Wallington não só vêm confirmar que o actual palácio de Monserrate, edificado pela riquíssima família inglesa Cook, posteriormente nobilitada pelo Rei D. Luís, se encontra no exacto local do palácio anterior e segue o seu esquema de implantação e relação com os jardins, como nos dá detalhes mais precisos da decoração exterior do edifício, que se encontrava já abandonado e sem coberturas no início da segunda metade do século XIX.

(Retirado da newsletter da Associação dos Amigos de Monserrate.)

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