domingo, 8 de julho de 2012

A Mãe Lurdes




"Anteontem, à tardinha, nómadas entre casas, cansados das mudanças e dos dias, andávamos a precisar de mimos. A refeição seguinte seria, depois de um jejum, um jantar no hospital. Tinha de ser especial; saber à casa perdida e à casa que aí vem, ambas tristemente equidistantes naquele momento. Entrámos na Adega das Azenhas (do Mar), onde a Dona Lurdes cozinha como uma mãe. Tivemos a sorte de apanhá-la, demos beijinhos e, como sempre, ela entendeu, como por osmose, o que a Maria João precisava. A Maria João explicou que andava à toa, com medo do que lhe ia acontecer, e que já nem sequer sabia o que lhe apetecia comer." 
Miguel Esteves Cardoso
(Público, Lisboa, 22 junho 2012)


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