Pronto, chegámos ao último dia de campanha. Amanhã é dia de reflexão e depois seja o que o crucifixo de Passos quiser.
Pronto, chegámos ao último dia de campanha. Amanhã é dia de reflexão e depois seja o que o crucifixo de Passos quiser. É altura de, como diria o - ainda - nosso PM, sermos aquilo que queremos ser. Mais ou menos, não é? Não dá para ser exactamente o que queremos ser porque há factores que não dominamos.
Por exemplo, dentro do que queremos ser para os próximos quatro anos, ninguém quer que deixar de ter Autoeuropa. Mas não podemos dominar factores como a má gestão dos alemães. Talvez derivado às viagens que Merkel e Schauble têm feito ao países do Sul, a gestão rigorosa e exigente dos alemães, apanhou o vírus trafulha da malta do Sul. Se a Autoeuropa fecha, lá se vai o PIB, as exportações e o emprego. Também temos tido azar. BES, PT e agora, se calhar, a Autoeuropa. Só falta a Joana Vasconcelos cair de uma escada, o Ronaldo naturalizar-se espanhol e cientistas descobrirem que o pastel de nata causa impotência.
Não podemos ser o que queremos ser, no dia 5, porque não queríamos ser donos do Novo Banco e ainda somos. Como é que eu vou ser o que quero ser , se estou sempre a pagar o que os banqueiros quiseram ter? É complicado. A única forma é martelarmos o que queremos ser. Como naquela publicidade antiga do indiano que quer ter um Peugeot 206 e usa um elefante para dar forma ao velho chaço.
Tem sido isso ao longo dos últimos anos. Martelar, para caber. Martelar, para acertar. É tudo à martelada. Vamos a caminho de umas eleições, no final de 2015, e ainda estão a martelar os números do BPN. Já o Oliveira e Costa não tem força para pegar num martelo. A PàF indigna-se com um chumbo no orçamento de 2016 e ainda estão a retocar o défice de 2012 e a remodelar o de 2014. Dá a sensação que o défice é o que quiser ser, que a dívida também faz o que lhe apetece e que o desemprego é o que tem sido. Só nós é que não podemos ser nada do que nos apetece.
Até nestas eleições, não tivemos oportunidade de ser o que somos. Fomos o que as sondagens disseram que éramos. Fomos martelados para dar espaço às sondagens. Vamos votar como se já soubéssemos o resultado final. Uns vão votar a ganhar por 3-0, outros a perder por dois, outros a zero e outros nem lá vão porque o jogo já acabou.
Não faço ideia o que este país quer ser. Já quis ser Cavaco Silva por mais 10 anos, tudo é possível. Dia 4 de Outubro não muda muita coisa, mas muda tudo, porque pode não mudar nada.
Bom domingo.
João Quadros
Jornal de Negócios, 2 out. 2015
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