«Sou uma figura de romance por escrever, passando aérea, e desfeita sem ter sido, entre os sonhos de quem me não soube completar.» Bernardo Soares
Mostrar mensagens com a etiqueta Miguel Torga (1907-1995). Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Miguel Torga (1907-1995). Mostrar todas as mensagens
segunda-feira, 12 de agosto de 2019
Fábula da fábula
Era uma vez
Uma fábula famosa,
Alimentícia
E moralizadora,
Que, em verso e prosa,
Toda a gente
Inteligente,
Prudente
E sabedora
Repetia
Aos filhos,
Aos netos
E aos bisnetos.
À base duns insectos,
De que não vale a pena fixar o nome,
A fábula garantia
Que quem cantava
Morria
De fome.
E realmente…
Simplesmente,
Enquanto a fábula contava,
Um demónio secreto segredava
Ao ouvido secreto
De cada criatura
Que quem não cantava
Morria de fartura.
Miguel Torga
sábado, 7 de abril de 2012
Dia Nacional dos Moínhos
Aqui declaro que não tem fronteiras.
Filho da sua pátria e do seu povo,
A mensagem que traz é grito novo,
Um metro de medir coisas inteiras.
Redonda e quente como um grande abraço
De pólo a pólo, a sua humanidade.
Tendo raízes e localidade,
É um sonho aberto que fugiu do laço.
Vento da primavera que semeia
Nas montanhas, nos campos e na areia
A mesma lúdica semente,
Se parasse de medo no caminho,
Também parava a vela do moinho
Que mói depois o pão de toda a gente.
Miguel Torga
(Nihil Sibi, Coimbra, 1948, p. 25)
Subscrever:
Mensagens (Atom)